Como diz a descrição do livro, a peça tem um texto "impudico e provocador, às vezes chocante, às vezes irônico, sempre instigante. Com a deliciosa sugestão de que, realmente, não existe pecado do lado de baixo do Equador."
É impressionante como Fernanda, sozinha e sentada numa mesa (que é o único cenário), fala e interpreta durante quase 2 horas de peça de maneira incrível, arrancando risadas do público sem deixar o ritmo cair.
Entre uma golada e outra de um líquido dando a entender ser wisky com gelo, a personagem vai contando, como se estivesse em uma palestra, sua trajetória de vida minuciosamente, suas fantasias e aventuras sexuais com gente de todo lugar (inclui-se estrangeiros, padre, irmão, tio e mulheres!).
Com sotaque sutil de baiana, mas puxando um pouco o “s” (depois ela explica que mudou-se para o Rio de Janeiro), ela conta histórias de uma mulher que deseja dizer ao mundo que ousou cumprir sua vocação libertina e foi feliz. Diz que a plateia com certeza vai se identificar com alguma história ou aventura sexual, e daí surgem as risadas. Até mesmo no caso que ela teve com o irmão, o tio e padre. De acordo com estatísticas, parece ser uma coisa normal e ela afirma isso. Bom, eu não acho normal, mas será que na plateia alguém se identificou? Provavelmente.
A protagonista dá até dicas de sexo, sem pudor com as palavras, ensina a fazer sexo anal, fala sobre os vários homens (e mulheres) com quem se relacionou, com drogas ou não, enfim, o objetivo é gozar e ser feliz. E antes de encerrar o monólogo, ela diz que espera que todos saiam dali morrendo de vontade de comê-la!
Com direção do dramaturgo Domingos de Oliveira, a peça transmite, entre momentos cômicos, discussões filosóficas acerca da vida, do amor e da sexualidade. Achei a peça fantástica, mas confesso que ficaria com vergonha de levar minha mãe para assistir ao meu lado. Porém, a verdade é que com a ótima interpretação de Fernanda, é impossível não rir. Mesmo as pessoas mais conservadoras não resistiriam.
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