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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Coisas do Rio

Durante os quatro meses que estou morando no Rio de Janeiro vim percebendo diversas coisas que me fizeram escrever estes tópicos, dividido entre coisas boas e ruins, na minha opinião, sobre esta cidade. Que me desculpem os cariocas, esta é apenas uma visão de uma capixaba acostumada com a pequena cidade de Cariacica e Vitória, de onde vim. Mas, agora, adaptando-me à esta grande metrópole.

Coisas boas:

Uma cidade enorme, dividida em zonas, muitos bairros e sub-bairros

Há vários caminhos para ir e vir para casa

Tem prédios e condomínios enormes, muitos em construção

Tem inúmeros teatros e peças acontecendo diariamente

Tem muitos shoppings

Os cariocas recebem bem os turistas, são muito educados

Há muitas opções de lazer

Há muitas oportunidades de trabalho

Há várias linhas de ônibus

Muitas opções de transporte: ônibus, metrô, balsa, táxi

Usar táxi é cultural

Há pessoas de todo lugar e todo tipo de cultura

As roupas e os estilos são bem diferentes entre as pessoas

Há vários tipos de religião

Pontos turísticos lindos e famosos pelo mundo

Muitos gringos pela cidade

Coisas ruins:

Os motoristas não param no sinal vermelho

Não respeitam os pedestres

Não dão seta

Alguns carros não usam farol a noite

Buzinam por qualquer motivo

A maioria das pessoas não leva toalha pra malhar (falta de higiene)

A academia não cobra matrícula, mas cobra uma avaliação muito cara

Tem trânsito toda hora, é bom sair sempre com 1 hora de antecedência

Há um certo preconceito entre pessoas de zonas diferentes (ex. zona sul e zona oeste)

Alguns homens são bem marrentos, arrumam briga por qualquer motivo

O custo de vida é bem alto

Tem blitz em vários horários e vários locais (isso pode ser bom ou ruim?)

Os retornos são longe, não é bom se perder pelo caminho

Há favela por todo lado

Há muitos arrastões, assaltos

quarta-feira, 12 de maio de 2010

“Sala, quarto, cozinha, banheiro e outros lugares menos cômodos” na Zona Sul


Obs: Escrevi este texto depois de assistir a peça, mas ela já saiu de cartaz.


Por Grazielly Favero


A Companhia Teatro Porão passou oito anos se dedicando a montagens ligadas diretamente a um repertório popular e inspirado nos grandes nomes da literatura nacional. Agora ela apresenta um projeto com caráter diferenciado. Mantendo sua característica autoral, surge o monólogo-documentário Sala, Quarto, Cozinha, Banheiro e Outros Lugares Menos Cômodos, gênero experimentado há pouco no teatro brasileiro, porém, um grande desafio para o grupo.
Após uma pesquisa de seis meses feita pela atriz e jornalista Andréa Cevidanes, baseada em entrevistas com mulheres tão diferentes e tão próximas entre si, o monólogo estimulou a Companhia a superar a função de bons contadores de histórias, tornando-os bons em transpor histórias. De trinta, foi preciso escolher apenas seis mulheres para serem representadas. Trechos de suas vidas, acontecimentos importantes, ou uma tomada geral em suas rotinas bastam para as cenas. De dentro de suas casas, as seis mulheres apresentadas contaram suas vidas para a atriz que as interpreta, e esta transformou as suas histórias em cenas que retratam um pouco da dor, da alegria, da esperança e da surpresa que existe dentro de cada um de nós.
No início da peça, a atriz faz uma breve apresentação e com uma pequena filmadora registra quem vai chegando ao teatro, e vai projetando no telão atrás dela. Depois troca de roupa em cena, a cada mudança de personagem. Encanta, faz rir e até chorar, de acordo com a identificação da platéia com alguma mulher representada. Dona de casa, adolescente, trabalhadeira, evangélica, funkeira, tem de tudo. Enquanto no meio tem drama e silêncio da platéia, no final ela interage com eles e arranca gargalhada.

O espetáculo estreou no Teatro Miguel Falabella, na Sala Atores de Laura, em maio de 2009 e ficou em cartaz até dezembro do mesmo ano. Este ano, o espetáculo foi para a Zona Sul, realizando uma temporada nos meses de Março e Abril, às terças e quartas, no espaço Rogério Cardoso, na Casa de Cultura Laura Alvim .

Ficha Técnica:
Concepção, Direção, Texto e Atuação - Andréa Cevidanes
Equipe de Criação - Gregório Tavares, Marcelle Bessa e Rubia Vieira
Supervisão de Direção - Gilvan Balbino
Elenco de Apoio (Criação) - Leonardo Heringer e Marcelle Bessa
Pesquisa - Andréa Cevidanes e Rubia Vieira
Cenário e Figurino - Criação Coletiva
Preparador físico - Lindolfo Melo
Trilha Sonora - Andréa Cevidanes e Gregório Tavares
Iluminação - Rubia Vieira
Arte Gráfica e Assessoria de Imprensa - Gregório Tavares
Produçaõ Executiva - Gregório Tavares

Serviço
Contatos produção: Gregório Tavares: 21 9888 0174
Local: Casa de Cultura Laura Alvim / Espaço Rogério Cardoso (70 Lugares)
Endereço: Avenida Vieira Souto, 174, Ipanema - Informações: 2332 2015
Horário(s): terça e quarta às 20h30
Data(s): 9 de março a 28 de abril de 2010
Preço(s): R$ 25,00 (inteira) - R$ 12,50 (meia)
Bairro: Ipanema
Classificação: 14 anos

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Casa dos Budas Ditosos

Ontem assisti a peça "A Casa dos Budas Ditosos", no Teatro Fashion Mall com a atriz Fernanda Torres. Sucesso desde 2003, a comédia estava em cartaz até ontem em São Conrado, Rio de Janeiro. O texto é de João Ubaldo Ribeiro, também autor do livro de mesmo nome, que tem como tema-pecado a luxúria. Fernanda interpreta uma mulher de 68 anos, nascida na Bahia, falando de sua própria vida, e de como jamais se furtou a viver - com todo o prazer e sem respingos de culpa - as infinitas possibilidades do sexo.

Como diz a descrição do livro, a peça tem um texto "impudico e provocador, às vezes chocante, às vezes irônico, sempre instigante. Com a deliciosa sugestão de que, realmente, não existe pecado do lado de baixo do Equador."

É impressionante como Fernanda, sozinha e sentada numa mesa (que é o único cenário), fala e interpreta durante quase 2 horas de peça de maneira incrível, arrancando risadas do público sem deixar o ritmo cair.

Entre uma golada e outra de um líquido dando a entender ser wisky com gelo, a personagem vai contando, como se estivesse em uma palestra, sua trajetória de vida minuciosamente, suas fantasias e aventuras sexuais com gente de todo lugar (inclui-se estrangeiros, padre, irmão, tio e mulheres!).

Com sotaque sutil de baiana, mas puxando um pouco o “s” (depois ela explica que mudou-se para o Rio de Janeiro), ela conta histórias de uma mulher que deseja dizer ao mundo que ousou cumprir sua vocação libertina e foi feliz. Diz que a plateia com certeza vai se identificar com alguma história ou aventura sexual, e daí surgem as risadas. Até mesmo no caso que ela teve com o irmão, o tio e padre. De acordo com estatísticas, parece ser uma coisa normal e ela afirma isso. Bom, eu não acho normal, mas será que na plateia alguém se identificou? Provavelmente.

A protagonista dá até dicas de sexo, sem pudor com as palavras, ensina a fazer sexo anal, fala sobre os vários homens (e mulheres) com quem se relacionou, com drogas ou não, enfim, o objetivo é gozar e ser feliz. E antes de encerrar o monólogo, ela diz que espera que todos saiam dali morrendo de vontade de comê-la!

Com direção do dramaturgo Domingos de Oliveira, a peça transmite, entre momentos cômicos, discussões filosóficas acerca da vida, do amor e da sexualidade. Achei a peça fantástica, mas confesso que ficaria com vergonha de levar minha mãe para assistir ao meu lado. Porém, a verdade é que com a ótima interpretação de Fernanda, é impossível não rir. Mesmo as pessoas mais conservadoras não resistiriam.